Vivíamos uma fase de transição antes da pandemia; o mundo se integrava à internet para fazer dela, não só um meio, mas o ambiente principal de relacionamentos. Esse processo foi acelerado. Compras, reuniões, aulas, até mesmo audiências judiciais, passaram a ser realizadas preferencialmente no mundo virtual. Fomos arremetidos ao futuro e a sensação é a de que o mundo pós-pandemia será menos burocrático, mais veloz e eficiente…
…É pouco provável que retornemos ao passado.
EAD de vez
Otimizamos recursos. Tempo e dinheiro são poupados com uma presença maior da internet em nossas vidas. Há correções a serem feitas. O ensino à distância, por exemplo, deve ser levado a sério e de vez. No futuro, não se visualiza instituições de ensino não adotarem, ao menos em parte, o modelo que hoje experimentamos. Sabemos que escolas servem de abrigo aos mais pobres e da baixa qualidade do EAD de muitas instituições de ensino superior. No entanto, a conclusão não é outra: a pedagogia está sendo desafiada. Muito deve ser debatido, muito deve ser investido.
A política do pleno emprego não é um compromisso do mercado
Ser um empregado do mercado ou ser um empregado de uma empresa foi o dilema do último quartel do século XX, mas, com a alta rotatividade nos postos de trabalho, a segurança do trabalhador, para ter um emprego, passou a ser o seu nível de especialização. As coisas vão mudar mais ainda. Não basta ser um especialista. Será necessário ter conhecimento amplo do organismo empresarial, uma visão holística a seu respeito, algo que demanda conhecimento multidisciplinar. Adrede a isso, a pandemia quebrou o tabu do trabalho remoto o que fará as empresas reverem, mais ainda, a necessidade do contrato de trabalho. É bom ficar claro, só o Estado tem compromisso com o pleno emprego. No mercado, a política é – e será ainda mais – a do pleno conhecimento. Formação é tudo.
Entre uma boa demanda e um péssimo acordo, fuja do Poder Judiciário
Audiências realizadas por vídeo conferência, processos digitalizados, ações tramitando exclusivamente pelo meio virtual; no mercado jurídico, a inteligência artificial já é uma opção para formular e fundamentar demandas judiciais. A TI ferve no meio jurídico. Por sua vez, para o Judiciário, a conciliação deve ser prestigiada. Mutirões de conciliação são promovidos constantemente; juízes se esforçam para persuadir as partes a fecharem acordos; ao contrário do que se possa pensar, os Tribunais, em Brasília, estão cada vez mais rigorosos na admissão de recursos para julgamento. Se é bom ou mau, o Poder Judiciário quer julgar menos e funcionar rápido e, com a pandemia, ficou claro que a burocracia jurídica pode ser abreviada e em muito. Mas o que se espera do futuro, em sede de Justiça, pode não ser tão auspicioso. Ainda que em nosso país haja uma enorme demanda por Justiça, o que se arrosta é que, no máximo, o Judiciário se propõe a ser um mediador; problemas não serão resolvidos em Tribunais. Se serve como conselho: fuja do Poder Judiciário, mais vale evitar problemas, do que ter que fazer um péssimo acordo.
Nada do que foi será
A pandemia terá um fim e retornaremos ao presente e à normalidade, porém, como escreveu o poeta “nada do que foi será”…
…no futuro pós-pandemia.
Emerson Souza Gomes
Blogueiro e advogado
www.cenajuridica.com.br